quarta-feira, 9 de abril de 2014

Resumão Lollapalooza: o começo, o fim e o tupiniquim

Aconteceu no último final de semana (05 e 06 de Abril) no Autódromo de Interlagos a 3a. edição brasileira do festival de música Lollapalooza. Idealizado por Perry Farrel o evento teve a sua estréia em 1991 e rodou os Estados Unidos apostando em bandas mais obscuras na época como Nine Inch Nails, Rollins Band e Jane's Addiction (na qual Perry é o vocalista) entre outras já respeitadas no circuito underground como Siouxsie and the Banshees e Butthole Surfers. De 1991 à 1997 o festival atingiu grandes proporções e acabou sendo extremamente criticado pela escolha de bandas mainstream como Metallica e Snoop Doggy Dogg como headliners além dos line ups dominados pela música eletrônica (outra paixão de Farrell). 
Depois de um intervalo de 5 anos o festival volta em 2003, numa época em que as pessoas estão menos cínicas (o que não significa que estejam mais informadas) e mais à fim de se divertirem do que pagarem de posers e, em 2011 tem a sua primeira versão brasileira. Atualmente todos os estilos musicais são bem recebidos no evento desde bandas de rock comercial como Pearl Jam e Audioslave como os eternos punks Iggy & The Stooges e Patti Smith além de outras newcomers indie, soul, eletrônica, etc. A edição brasileira deste ano contou com mais de 23 bandas por dia que foram divididas em 3 palcos, deixando à critério do público montar a sua própria programação. Nos intervalos entre uma apresentação e outra as pessoas puderam desfrutar de outras atrações como a tenda gastrônomica com a presença dos 'Chefs na Rua', a pista de patinação, o hang out com loja de LPs, a roda gigante e o jantar nas alturas. Infelizmente com a troca de produtora (as edições passadas foram produzidas pela Geo e, atualmente a Tickets For Fun é a responsável) foi possível notar o amadorismo na organização, por exemplo a péssima disposição de corredores que acarretou em lentidão na passagem de um palco para outro além das condições precárias dos banheiros químicos que não tinham folhas de pinho no chão (item básico em qualquer festival que AINDA utiliza banheiros químicos), cerveja SKOL com preço de HEINEKEN, poucas opções de comida vegetariana, entre outros micos. 
No demais a atmosfera era tranquila, o público mais maduro curtia ao fundo os shows com camisetas do New Order e Soundgarden, meninas e meninos bonitos que nem sabiam os nomes das bandas desfilavam nos corredores, adolescentes em frenezi na expectativa de verem sua banda favorita na grade, pais e filhos sentados no gramado em clima de pic nic, todas as tribos convivendo sem confusão ou violência. No momento junto com a depressão pós-festival fica a expectativa de que com a popularização desse tipo de evento no país as produtoras elevem os padrões de qualidade para que as pessoas tenham uma experiência verdadeiramente  LALAPALOOSA (extraordinário, em Inglês).
Siouxsie and the Banshees na primeira edição do festival em 1991



Kat Bjelland líder da Babes in Toyland com Layne Staley (Alice In Chains), Les Claypool (Primus) e Maynard James Keenan (Tool) . As bandas foram headliners da edição de 1993.


As meninas da L7 entrevistando Nick Cave para a MTV americana, ambas as bandas tocaram no Lollapalooza de 1994.

A poeta e compositora punk Patti Smith fez parte do line up de 1995


No ano de 1995 Courtney Love era conhecida por mostrar os seios, falar palavrões, e praticar stage diving durante as apresentações da sua banda, a Hole. Não foi á toa que era uma das atrações mais esperadas do evento.


Brody Dalle na época à frente da Distillers havia acabado de lançar o terceiro e último álbum (excelente, aliás) da banda e tocou no palco principal da edição de 2003.


Torry Castellano baterista da formação original da The Donnas (deixou a banda recentemente devido à sua tendinite severa) com Josh Homme e Nick Oliveri (Queens of the Stone Age) e Akil (Jurassic 5) no backstage do Lollapalooza 2003 sendo entrevistados pela MTV. As bandas eram parte do line up desse ano.


Carrie Brownstein e Janet Weiss da saudosa Sleater-Kinney  tocaram no palco Champ em 2006. Após os shows a banda anunciou que entraria um hiato por tempo indefinido.


Juliette Lewis deixou a carreira de atriz em segundo plano e em 2007 estourou com a sua banda Juliette and the Licks, famosa por suas apresentações energéticas a cantora foi atração do Lollapalooza do mesmo ano.


Sharon Jones, a mulher que trouxe o funk e soul raiz de volta junto com os Dap Kings foi uma das atrações que pôs o povo para dançar no festival em 2008


Emma Richardson a baixista da Band of Skulls que tocou no Lollapalooza de 2009


Emily Haynes a multi instrumentista e frontwoman da banda canadense Metric tocou na edição de 2010 do festival.



Joan Jett foi a atração principal da estréia do festival no Brasil em 2012 e mostrou aos novatos como se faz rock'n'roll de verdade. Tocou todos os hits da sua carreira inclusive 'Cherry Bomb' da época das Runaways.



Savages é uma das poucas bandas novas (senão a única) relevante, composta somente por mulheres e liderada pela francesa Jehnny Beth o grupo aposta em um post-punk vísceral. Num mundo onde o pop vem disfarçado de indie as meninas não hesitaram em mostrar a que vieram, remando contra a maré fizeram uma apresentação feroz e com o melhor Português (não-nativo) do festival deixaram o recado: 'Não deixem os filhos da puta te derrubarem'. O grupo Londrino se apresentou no último dia do festival em São Paulo.



Comforto é indispensável! Essa foi a pegada do público presente no Lollapalooza de 2014. Muitos shorts, leggings, camisetas, camisas soltas e, ao contrário do ano passado em que grande parte das meninas estavam usando aqueles horríveis sneakers de salto embutido nesse ano elas investiram em tênis e botinhas estilosas.
   


O público literalmente mergulhou de cabeça nos shows. E que venha Lolla 2015!